Onde o sossego dorme
Onde o sossego dorme
Como se fosse alguém
E à noite negra e enorme
Nem luar nem dia vem.
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Onde o sossego dorme
Como se fosse alguém
E à noite negra e enorme
Nem luar nem dia vem.
Passos tardam na relva
Entre o luar e o luar,
Tudo é eflúvio e selva.
Sente-se alguém passar.
Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri
Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego dêem aos crentes
De que essa terra se pode ter
Felizes, nós? Ali, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez,
Mas já sonhada se desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar;
Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar
Ah, nesta terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.
Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.
Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.
Segue-o minha alma na passagem
Ténue lembrança ou saudade,
Princípio ou fim do que não foi,
Não tem lugar, não tem verdade,
Atrai e dói.
Segue-o meu ser em liberdade.
Vazio encanto ébrio de si!
Tristeza ou alegria o traz?
O que sou dele a quem sorri?
Não é nem faz.
Só de segui-lo me perdi.
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