Paira no ambíguo destinar-se Entre longínquos precipícios, A ânsia de dar-se preste a dar-se Na sombra vaga entre suplícios,
Roda dolente do parar-se Para, velados sacrifícios, Não ter terraços sobre errar-se Nem ilusões com interstícios,
Tudo velado e o ócio a ter-se De leque em leque, a aragem fina Com consciência de perder-se,
Tamanha a flava e pequenina Pensar na mágoa japonesa Que ilude as sirtes da Certeza.
2
Dói viver, nada sou que valha ser. Tardo-me porque penso e tudo rui. Tento saber, porque tentar é ser. Longe de isto ser tudo, tudo flui.
Mágoa que, indiferente, faz viver. Névoa que, diferente, em tudo influi. O exílio nada do que foi sequer Ilude, fixa, dá, faz ou possui.
Assim, nocturna, a áreas indecisas, O prelúdio perdido traz à mente O que das ilhas mortas foi só brisas,
E o que a memória análoga dedica Ao sonho, e onde, lua na corrente, Não passa o sonho e a água inútil fica.
3
Análogo começo, Uníssono me peço, Gaia ciência o assomo — Falha no último tomo,
Onde prolixo ameaço Paralelo transpasso O entreaberto haver Diagonal a ser.
O interlúdio vernal, Conquista do fatal, Onde, veludo, afaga A última que alaga.
Timbre do vespertino, Ali, caricia, o hino Outonou entre preces Antes que, água, comeces.
4
Doura o dia. Silente, o vento dura. Verde as árvores, mole a terra escura, Onde flores, vazia a álea e os bancos. No pinhal erva cresce nos barrancos. Nuvens vagas no pérfido horizonte. O moinho longínquo no ermo monte. Eu alma, que contempla tudo isto, Nada conhece e tudo reconhece. Nestas sombras de me sentir existo, E é falsa a teia que tecer me tece.